Vale a pena classificar os projéteis para aumentar a precisão da recarga?

Se você busca precisão absoluta em sua recarga, não basta apenas separar estojos e uniformizar cargas: a classificação dos projéteis também faz diferença real nos agrupamentos.

Mesmo projéteis de marcas renomadas apresentam variações de peso, comprimento e formato, que impactam diretamente:

• A consistência do jump (distância até o contato com as raias)
• O ponto de contato com o cano
• A pressão interna gerada na câmara
• A altura total da munição (COAL)

🔍 Como variações de peso afetam a precisão?

Quando os projéteis não têm o mesmo peso, você tem:

• Variação de velocidade (SD e ES)
• Variação de queda vertical no alvo
• Pressão diferente entre disparos

Em rifles de precisão, 0,2 a 0,3 gr de diferença já pode alterar significativamente os resultados. Em armas curtas, a tolerância pode ser maior (0,5 a 1,0 gr), mas ainda assim influencia agrupamentos e recuo.

🔍 E quanto ao comprimento e formato da ogiva?

Essa é uma questão mais crítica do que parece. Mesmo projéteis com o mesmo peso podem apresentar ogivas ligeiramente diferentes, o que resulta em:

• Variação do ponto de contato com as raias (inconsistência do jump)
• Dificuldade para manter o mesmo COAL com relação ao touch point
• Mudanças na trajetória e pressão de disparo

Para quem usa projéteis VLD ou busca tiros de alta precisão, essas diferenças são inaceitáveis.

⚖️ Ferramentas para classificar projéteis

• Balança eletrônica de precisão (0,01 gr ou melhor): para separar por peso
• Comparador de ogiva (Hornady, Sinclair): mede do base-to-ogive e permite identificar variações reais no ponto de contato
• Micrômetro digital ou paquímetro: para medir comprimento total

A classificação pode ser feita manualmente ou usando gabaritos de seleção rápida para grandes volumes.

🏛️ Tolerâncias recomendadas

Rifles de alta precisão:

• Peso: máximo de 0,2 gr entre projéteis do mesmo lote
• Comprimento base-ogiva: variação inferior a 0,0015"

Armas curtas:

• Peso: até 0,5 a 1,0 gr pode ser aceitável (dependendo da aplicação)
• Comprimento: menos crítico, desde que o crimp seja uniforme

✅ Vale a pena classificar projéteis?

Para uso recreativo, não é essencial. Mas se você está perseguindo consistência balística real, classificar os projéteis por peso e ogiva faz toda a diferença.

Atiradores de F-Class, PRS e Benchrest fazem isso não por capricho, mas porque os detalhes são o que garantem resultados superiores.

No tiro de precisão, cada milímetro conta. E no mundo da recarga, a perfeição começa com a seleção dos melhores componentes.